CHEVROLET CHEVETTE, O PEQUENO
CHEVROLET
Na década de
sessenta, o Brasil passou por uma grande transformação na indústria
automobilística. Saímos de projetos obsoletos adaptados às nossas condições de estradas
e clima,e passamos a ter modelos de automóveis mais atuais e em sintonia com o
resto do mundo.
A General
Motors, que, já havia lançado o Chevrolet Opala em 1969, precisava de um carro
pequeno para aumentar a participação no mercado que crescia rápido. O
brasileiro já apreciava os modelos alemães da Opel, subsidiária da GM no velho
continente. Assim como o Opala descendia do Opel Reckord alemão, a GM foi
buscar inspiração no Opel Kadett/Olímpia, modelos econômicos, bonitos e
confiáveis. Alguns Opel Kadett e Olímpia foram importados ou adquiridos de
embaixadas alemães no Brasil. Eram carros bonitos, pequenos, econômicos e muito
confiáveis, com uma mecânica tradicional, motor dianteiro longitudinal e traçao traseira por eixo cardã.
Opel Kadett 1968 |
Opel Kadett 1968 |
O PROJETO CHEVETTE
No início da
década de 1970 a GM brasileira começou a projetar o “Pequeno Chevrolet”. Claro
que, mais uma vez, o braço Opel da GM alemã forneceu o modelo para realizar
esse projeto. O Opel Kadett e o Olimpia foram a base do projeto Chevette. Esses
modelos já mostravam sinais de cansaço no desenho, pois, haviam sido lançados
em 1968, e a Opel projetava o novo Kadett alemão, base para o nosso Chevrolet
Chevette brasileiro. Foram importados da Alemanha, alguns Opel Kadett e Olímpia
(na verdade, praticamente o mesmo carro, salvo detalhes de estilo sutis). Uma equipe da
GM brasileira foi para a Opel, na Alemanha trabalhar nesse novo Kadett, que,
seria produzido em vários países com nomes locais: Inglaterra, Japão, Brasil,
Austrália, Alemanha e Estados Unidos. O
motor do Chevette brasileiro foi desenvolvido com comando de válvulas no
cabeçote acionado por correia dentada e coletor de fluxo cruzado (cross flow),
solução moderna para a época. Curiosamente o Kadett alemão continuou utilizando
o motor antigo com 1,2 litros e 60 cv de comando lateral e válvulas na cabeça.
O motor mais moderno foi utilizado somente no Chevette brasileiro e norte
americano, sendo que o nosso tinha 1,4 litros e o americano 1.6 litros.
O Chevette foi lançado em maio de 1973. Uma antiga revista especializada fez o
teste completo e chegou a seguinte conclusão: “Em mecânica e estrutura o Chevette é o carro nacional mais atualizado”.
Realmente o Chevette foi muito elogiado por sua dirigibilidade. Era gostoso
de dirigir, embora não fosse tão econômico, ele agradou ao público. O
acabamento simples foi melhorando com o passar dos anos e muitas versões
surgiram. O motor de 1.4 litros rendia 60 CV e 9,5 kgf de torque.
Chevrolet Chevette 1973 |
Opel Kadett 1973 |
Em 1975 a GM
lançou uma versão popular, mas, era muito pobre, sem calotas, e apoio de braços
nos painéis das portas. Não teve sucesso e durou apenas um ano. Em 1976 a GM
lançou versões mais bem acabadas, com bancos reclináveis de regulagem milimétrica,
super calotas e com mais opções de acessórios para aumentar o leque de ofertas,
e lançou o modelo GP, um Chevette com aparência esportiva, com rodas de tala de
seis polegadas e sobre aro de inox, retrovisor das portas esportivo, volante
esportivo, faróis de milha na grade, faixas pretas no capo e laterais e
detalhes em preto fosco. Acompanhou também um pequeno aumento da taxa de
compressão que dava um melhor fôlego, mas, era um Chevette customizado pela
fábrica. Para 1977, um
novo painel de instrumentos com porta luvas com chave e calibragem no
carburador para mais economia de combustível foram as principais novidades. A
versão GP passa a se chamar GP II. A mudança do novo painel acompanha nova
grafia com instrumentos condizentes com a proposta. Novas rodas com novo
desenho e mais largas completavam a proposta, ainda com as faixas, mas, com a
inscrição GP II. Havia a opção de taxa de compressão maior para uso de gasolina
azul de mais octanagem.
Em 1978 o
design é modificado com nova frente com para lamas inclinados baseado no estilo
dos Chevrolet americanos, novo volante e novas cores internas. O modelo GP não
vem mais com a designação GP II e as faixas laterais e do capo do motor foram
suprimidas. Agora o capo é preto fosco, rodas com sobre aro, painel mais
completo e novo volante também esportivo. Equipado com carburador de corpo
duplo a potencia aumentou em 4CV. No ano seguinte surge o Chevette de quatro portas
para concorrer com o VW Brasília de quatro portas recém-lançado. Também foi
lançada uma versão do Chevette destinado ao público jovem: Chevette Jeans. Com
tecidos dos bancos e laterais semelhantes ao Jeans e para choque na cor preta,
essa versão foi a resposta da GM a Volkswagen com o Passat Surf, também
destinado aos jovens.
Painel do modelo 1973 a 1976 |
Painel do modelo 1977 a 1982 |
Em 1980 novos
para choques, lanternas traseiras maiores e bancos redesenhados. Um novo modelo
é adicionado à linha Chevette: O modelo Hatch, cópia do Opel City alemão. Muitas novidades no ano de 1981: É lançada a
perua Chevette Marajó, cópia da Opel Kadett Caravan alemã. Vieram também novos
faróis quadrados na mesma moldura do farol anterior. Novos tecidos e novas
cores. Chega também o motor 1.4 a álcool e no fim do ano é apresentado o
Chevette esportivo: O SR. Montado sobre
a carroceria do Hatch, ele trazia rodas e volante esportivos, painel
diferenciado e o melhor; motor 1.6 com 72 CV e 10,8 kgf de torque. Não era um
esportivo de verdade, mas, andava melhor e naquela época era muito rápido para
a proposta.
Chevette 1978 |
Chevette 1980 |
O cambio de cinco marchas é lançado em 1982 como opcional, e que acabou sendo incorporado a toda a linha com o passar do tempo, pois, a diferença de preço era muito pequena diante da economia e conforto de marcha. O motor 1.6 antes destinado à versão SR passa a ser oferecido para todos os modelos como opcional e com o tempo passa a ser de série. Em outubro de 1982 é lançado a linha 83.
Chevette Hatch 1980 |
Foi a
mudança mais profunda de estilo sofrida pelo Chevette. Nova frente e traseira,
inspiradas no recém-lançado Chevrolet Monza e o novo painel fizeram do Chevette
um novo carro, mais bonito e mais atual. A padronagem dos tecidos e o
acabamento mais luxuoso tornaram o Chevette um carro mais interessante. Foi um
sucesso e o público respondeu com o crescimento das vendas. O modelo Hatch
ganhou uma traseira do tipo dois volumes e meio, como uma rabeta.
Chevette 1983 |
Chevette Marajó 1981 |
A família
Chevette cresce em setembro de 1983: Chevy 500, esse é o mais novo irmão. A
Chevy é uma pickup leve, pronta para brigar com a Fiorino da Fiat e a Ford
Pampa derivada do Corcel. As linhas eram muito bonitas e equilibradas. A capacidade
de carga era de 500 kg, incluído o motorista. Por ter um design bonito e tração
traseira, conquistou muitos admiradores.
Chevy 500 1984 |
A GM ousou
lançando a opção do cambio automático em 1985 e o ar condicionado em 1986. Eram
opcionais desejáveis, mas, que penalizavam o desempenho e consumo do pequeno
Chevrolet, sem falar no preço que o colocava em outra faixa de mercado. Esses
opcionais foram oferecidos por pouco tempo devido a pouca procura.
Chevette SE 1987 |
Para 1987 o
Chevette experimentou uma mudança de estilo e acabamento que o tornaram mais
bonito e mais atraente, e a versão de luxo passou a ser designada SE.Nova
grade dianteira, novos para choques em material plástico e borrachão lateral, o
aproximaram ao estilo do Monza do qual herdou também os retrovisores das
portas. Os bancos ficaram melhores e com design, com apoio de cabeça separado,
novos instrumentos no painel e nova lanterna traseira. Para completar, novas
calotas com design bonito e de bom gosto cobriam toda a roda. O modelo 88/89 veio com mudanças no
motor, anéis mais finos, coletor e carburador de corpo duplo conferiam 82 cv na
versão a álcool e 73 cv na gasolina. Rodas de liga leve eram opcionais. Também
em 1988 o modelo Hatch sai de linha e no ano seguinte é a vez da Marajó se
despedir do mercado.
Chevette DL 1991 |
Para 1991, a
GM retirou as opções de acabamento e simplificou em uma única versão: DL. Era
luxuosa como a SE, e utilizava rodas de aço com calotas simples. Os opcionais
eram, nova roda de liga leve, radio AM/FM, ar quente e alarme.
UM SOPRO DE VIDA
Para não ficar de fora do
disputadíssimo mercado dos carros 1.000, a GM foi à luta com as armas que tinha,
e em 1992 lançou o Chevette Junior com motor 1.0 de 50 CV, o mais fraco dos populares
do mercado, mas, com a fama de manutenção barata e mecânica confiável ele seria
a opção até a chegada do Corsa em 1994. O modelo 1.6 vinha só na denominação L.
Chevette L 1993 |
Chevette Junior 1.0 1993 |
Em 12 de dezembro de 1993 toda a linha Chevette tem a produção encerrada. A
Chevy 500 ainda fica no mercado até a chegada da pickup Corsa em 1995. No total
foram fabricados cerca de 1.600.000 carros, uma história de sucesso sem dúvida.