sábado, 12 de maio de 2012

O DKW brasileiro - A história da Vemag


       O DKW nacional era conhecido como DKW Vemag. Na verdade a Vemag S/A era a sigla de Veículos e Máquinas Agrícolas, fundada em 1955 e instalada no bairro do Ipiranga, São Paulo, numa área de 87.114m2. Na verdade a Vemag existia desde 1945, como distribuidora e montadora dos veículos, Studebacker, Massey Harris, Scania Vabis, Kenworth e Ferguson. Com a importação de veículos proibida no Brasil ocorrida em fins de 1952, a Vemag inicia o processo para fabricar o DKW brasileiro. Em 1955 a nova denominação da Vemag passa a ser DKW Vemag, pois, passaria a produzir o DKW em solo brasileiro em julho de 1956.

  O primeiro DKW brasileiro foi uma camioneta - DKW F91 UNIVERSAL 1953 alemã que, na sua versão tupiniquim chamava-se DKW Vemag modelo Vemaguet. Com um motor de três cilindros, dois tempos, 900 centímetros cúbicos e 38 CV, chassi com longarinas em X e tração dianteira, o nosso DKW nacional chegava às ruas. Era um sentimento de orgulho poder possuir um automóvel fabricado no Brasil. As pessoas começaram a se acostumar com aquele barulho sincopado do pum, pum, pum, do motor dois tempos e a característica da fumaça azulada do óleo misturado à gasolina, como nas lambretas e muitas motocicletas da época.       


Em 1958 é lançado o modelo sedan de quatro portas, o Belcar que, juntamente com a Vemaguet, inaugurava uma nova carroceria com novo design e mais larga, idêntica ao modelo alemão F93/F94 lançado na Alemanha em 1955. O DKW já se firmava como uma opção de carro muito interessante, pois, era relativamente econômico, e ainda podia transportar seis passageiros com relativo conforto e levar muita bagagem, na versão Vemaguet. No mesmo ano é lançado o utilitário Candango, versão brasileira do MUNGA alemão. Inicialmente o nome seria Jipe DKW, mas, a Willys, detentora da patente do nome Jeep, não permitiu. Como a capital, Brasília estava em processo adiantado de construção, o nome Candango foi uma homenagem aos homens desbravadores que foram para o planalto central contribuir para a construção do novo sonho do presidente JK. O Candango vinha com opções de tração em 4X2 e 4X4. Com muita agilidade e desenvoltura o jipinho agradou, mas, a pouca potência e o alto custo da transmissão importada 4X4 não permitiram que ele tivesse vida longa e deixou de ser produzido em 1963.                                                  
                                                                         
    Em 1959 os motores passaram de 900 para 1.000 centímetros cúbicos. Esse motor de 1 litro passou a 50 cv. Para 1960 todos os modelos DKW tiveram as quatro marchas totalmente sincronizadas. Em 1961 as portas traseiras do Belcar foram aumentadas e passaram a abranger parte do   para lama, o que se traduziu em mais acessibilidade interna, e o estilo foi retocado com novos para choques e detalhes. Com a intenção de oferecer uma opção mais barata no modelo Vemaguet, é lançada em 1963 a versão Caiçara, mais simples, com grade, calotas e para-choques pintados, estofamento rústico e porta traseira inteiriça ao invés de duas folhas.     

  No ano de 1964 é lançado o modelo 1001, e a maior novidade é as portas dianteiras abrirem no sentido normal, perdendo os apelidos um pouco desabonadores: “portas suicidas”, pois se abrissem com o carro em movimento o motorista ou passageiro poderiam ser jogado para fora, ou “deixa ver”, em alusão às pernas das mulheres, já que as portas abriam em sentido contrário, as mulheres ficavam numa posição desconfortável ao desembarcar do carro. Também vieram as novas maçanetas, painel estofado e novo revestimento do porta-malas. A melhor novidade para esse ano foi o novíssimo DKW Fissore. Esse carro foi projetado no Brasil e teve a carroceria desenhada na Itália pelo Estúdio Fissore. A carroceria três volumes era muito bonita e com grande área envidraçada. Utilizava o mesmo chassi do Belcar. O design estava sintonizado com as tendências europeias. O motor 1000 tinha um pouco mais de potência: 60 cv, e vinha com o Lubrimat, um equipamento que misturava o óleo 2 t à gasolina sem a necessidade de se adicionado ao tanque, pois, ele tinha o seu próprio reservatório. Os maiores problemas do Fissore eram o peso excessivo e o preço elevado. Para efeito de comparação de como era caro, um Simca Chambord, categoria superior custava em agosto de 1964, CR$6.195.000,00 (moeda da época), e o Fissore, CR$6.950.000,00.




                               








Com o intuito de oferecer um carro popular, a DKW lança em 1965, o Pracinha, uma Vemaguet despojada e vendida através de financiamento pela Caixa Econômica Federal. Essa foi a primeira tentativa de se popularizar o automóvel no Brasil. O DKW Pracinha era tão rústico que não havia porta luvas, luz interna, esguicho para o limpador de para brisas e nem revestimento da porta malas. As calotas e para-choques eram pintados. Também foi suprimida a roda livre e o Lubrimat. As cores eram simples e não havia a opção de saia e blusa (combinação de duas cores). Nesse ano a DKW linha Rio, para homenagear a cidade do Rio de Janeiro na passagem do IV Centenário. Foi lançado então o DKW modelo Rio que, vieram com novos para choques, nova grade dianteira, acabamento interno de melhor qualidade e o Lubrimat, já lançado anteriormente no Fissore e estendida a toda linha. No ano seguinte só novas cores e pequenas melhorias.                                       

 A mais extensa mudança ocorreu nos modelos 1967. Os modelos Belcar e Vemaguet vieram com nova grade, novos para-choques, faróis duplos, novas lanternas traseiras, interior remodelado e mais luxuoso, novo volante, isolamento acústico melhor e sistema elétrico com 12 volts e alternador. O Fissore teve apenas a alteração de nova lanterna traseira e o mesmo sistema elétrico de 12 volts e alternador de toda a linha.
      Infelizmente toda a linha DKW foi tirada de linha no ano de 1967. Esse desfecho era esperado, pois, a Volkswagen alemã havia comprado em 1965 os direitos de fabricação da Auto Union, detentora da marca DKW. Como a Vemag não conseguiu uma fábrica estrangeira para manter parceria, não teve solução senão fechar as portas. Um fim melancólico para a pioneira fabrica brasileira.